Brasil pode antecipar neutralidade de emissões para 2040

**Brasil pode alcançar neutralidade de carbono até 2040, aponta estudo** *Pesquisa sugere que antecipação da meta brasileira dependerá de mudanças em setores-chave como energia e uso da terra.* Uma nova pesquisa revela que o Brasil pode atingir neutralidade nas emissões de carbono até 2040, uma década antes do previsto. O estudo, intitulado "Brazil Net-Zero by 2040", foi realizado pelo Instituto Amazônia 4.0 e apresentado na Academia Brasileira de Ciências, no Rio de Janeiro, detalhando dois cenários principais para a redução das emissões de gases de efeito estufa (GEE). Os caminhos propostos dividem-se em duas áreas: o setor de Agricultura, Florestas e Outros Usos da Terra (AFOLU-2040) e o setor Energia-2040. O primeiro é focado na redução do desmatamento e na restauração de florestas, enquanto o segundo promove a transformação energética com o aumento das energias renováveis e a redução do uso de combustíveis fósseis. Mercedes Bustamante, professora envolvida no estudo, destaca a importância do setor de uso da terra, indicando que o Brasil já adotou medidas relevantes nesse campo, como a diminuição do desmatamento. Ela afirma que, se essas ações forem intensificadas, será possível evoluir para uma transição energética mais gradual. "Trabalhar na restauração florestal em larga escala beneficiaria não apenas o sequestro de carbono, mas também a biodiversidade", indica Mercedes. Ela ressalta que, embora a transição para energias limpas seja inevitável, o cenário AFOLU-2040 pode permitir um ajuste gradual para abandonar os combustíveis fósseis. O estudo aponta que, neste cenário, o desmatamento ilegal seria eliminado até 2030, e o Brasil poderia restaurar até 18,2 milhões de hectares de florestas. Essa iniciativa contribuiria significativamente para atingir a neutralidade de CO2 até 2035 e de todos os GEE até 2040, graças à recuperação de pastagens e à promoção de práticas agrícolas integradas. No setor energético, a meta de zerar as emissões em 2040 exige um aumento substancial na geração de energia renovável, na utilização de biocombustíveis com captura de carbono, e na redução drástica do uso de petróleo. As emissões deste setor acelerariam a partir de 2030, forçando uma mudança estrutural na matriz energética do país. O estudo também analisa os investimentos necessários. O cenário AFOLU-2040 manteria a transição energética de forma gradual, exigindo investimentos modestos de 1% a mais do que o cenário atual de referência. Já o cenário Energia-2040 requer cerca de 20% a mais de investimentos devido à necessidade de novas infraestruturas e tecnologias. Mercedes enfatiza que adiar essas mudanças resultaria em custos maiores e desafios econômicos, mas investir agora pode posicionar o Brasil como líder global em energia limpa.